Muitas vezes eu me senti como já não fizesse parte da minha família.

E a cada visita que eu fazia parecia que eu estava indo me procurar.

Era aquele comportamento de anos de décadas atrás que os outros esperavam encontrar.

Mas ainda que se repitam os assuntos, as brigas e até as novidades o que acontece, na verdade é o óbvio: por mais que sejam os mesmos eles também vão mudar.

E essa é a real troca de presentes.

É o encontro do que o outro se tornou com quem você é nesse momento.

E sem aquele julgamento de que essa altura você já deveria ganhar aumento ou devia ter casado ou em quem devia ter votado ou que passou o ano de regime, mas parece ter engordado.

Não.

É sem parecer ou dever para que ninguém seja cobrado.

É isso, é menos “ter que” e mais ser quem você quiser porque ninguém tem que ser o seu passado.

E mudar.

Pode sim, ser uma coisa boa.

Muda quem cresce quem se conhece muda quem perdoa.

Por isso evoluir é reencontrar alguém e não encontrar a mesma pessoa.

É isso que venham as novidades dentro dos velhos abraços.

Que venhas a mudanças.

A gente só cria as boas lembranças quando entende que estar junto é o que importa de verdade.

Porque depois, é do agora que vamos sentir saudade.

Então reencontre aquelas mesmas pessoas lembrando que estarão diferentes a cada instante e que bom.

Porque aceitar a mudança é dar a chance de cada um se melhor do que era antes.

Ouça este poema na voz do poeta Allan Dias Castro:

SOBRE O AUTOR:

Allan Dias Castro é poeta e tem a escrita como base para todos os seus projetos, de letras de música a programas de tv. Formado em Comunicação Social pela ESPM-RS, cursou Escrita Criativa na Escola de Escritores de Barcelona, na Espanha.

Gaúcho radicado no Rio de Janeiro, Allan lançou seu primeiro livro, O Zé-Ninguém, em 2014. Suas letras já foram musicadas por grandes nomes, como Roberto Menescal, e ele já declamou seus poemas ao lado de artistas como Oswaldo Montenegro e Marcos Suzano.

Desde 2016, integra o Reverb Poesia (@reverbpoesia), banda que viaja por todo o Brasil apresentando sua mistura de música e poesia falada. Com o Voz ao Verbo, projeto de vídeos com poemas autorais que deram origem a este livro, busca facilitar o acesso do público à poesia.

“Poeta é quem toma liberdades com a língua e o Allan Dias Castro faz isso com maestria. Sua poesia, sua prosa poética, seus epigramas e aforismos – e suas letras de musica – são exercícios de extrema liberdade. E entre o lírico, o satírico e o bem bolado, ele nos leva junto em cada voo.” Apresentação de Luis Fernando Verissimo para “O Zé-Ninguém”, livro lançado em 2014.

Você pode ler mais e conhecer o Allan Dias Castro: allandiascastro.com.br

 

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