É assim em tudo na vida. É assim com a chegada da morte, com os relacionamentos e também com os negócios.

Depois de completar quase 12 anos empreendendo na Estratégia1 chega ao fim o meu ciclo dentro da empresa. Digo isso porque a empresa continua, porém eu não estarei mais à frente da operação.

Quando decidi abrir a empresa, depois de um empurrão do Eduardo Lins e Ricardo Almeida no mesmo dia em que saí de uma agência onde trabalhei por 5 anos, nunca me imaginei fora dela.

Na época recebi uma proposta de trabalho que implicaria em me mudar para São Paulo. A outra opção era abrir a empresa em Campinas. Como havia uma indenização para receber (que nunca recebi), resolvi arriscar e foi com a cara e coragem que o quarto ao lado do meu, no apartamento em que morava, virou uma empresa.

Nestes quase 12 anos crescemos, executamos inúmeros projetos, trabalhei e aprendi com gente muito talentosa. Faturamos, casei, meus filhos nasceram, me tornei peregrino e conquistei tudo que tenho.

Desistir: um novo significado

“Aprender a desistir vai salvar a sua sanidade mental.”

Em uma das conversas com o Rafael Rez sobre a dificuldade em lidar com o fim, ele me disse sobre um  novo significado para a palavra desistir: deixar de insistir. Quando entendi o termo desistir desta forma, tirei um grande peso das minhas costas e aqui empresto dele o que aprendi.

Num ambiente cultural que valoriza o empreendedor como o novo herói e o empreendedorismo como uma nova religião, é muito mais importante parecer um empreendedor de sucesso do que realmente construir um negócio sólido.

Isso torna uma eventual desistência algo ainda mais difícil. Porque além de ter de abandonar um projeto no qual se investiu tempo, energia e dinheiro, será preciso vencer a barreira social de fracassar em público. Muitos preferem continuar gastando seu tempo, energia e dinheiro a assumir que seu projeto não deu certo (como ocorreu comigo).

Não tomei esta decisão de uma hora para outra. Ao olhar para trás me recordo do nascimento da Maria Clara, quando passei a questionar muitos aspectos e valores da minha vida. Não estava satisfeito com o andamento do negócio e com o modelo de negócio (embora tenha sido a época em que mais faturamos) e fui buscar novos ares, voltei a estudar, conheci pessoas e acompanhei de perto novos modelos de negócio.  Ganhei fôlego e insisti novamente. Consegui mudar algumas coisas, fundei a Mutátil, mas aos poucos fui vencido pela gestão do próprio negócio, necessidade de crescimento e o próprio desgaste do mercado de comunicação.

Até que, no final de 2016, percebi que era hora de mudar de ares. Meu ponto de vista sobre a condução do negócio não era viável naquele momento dentro da sociedade e ficou claro para mim que a empresa era pequena demais para ser dirigida por dois líderes.

Minha vida mudou de repente

Estava decidido a sair quando recebi o diagnóstico da doença da minha esposa. Tive medo e resolvi insistir mesmo com o cenário que se apresentava. Decidi que eu sairia do negócio após ajudar a minha esposa, dali a algum tempo.

O tempo passou e minha relação com o tempo mudou. Durante os dois últimos anos minha prioridade era outra e a vida foi ganhando outro sentido e significado. Foram, sem dúvida, os piores anos da minha vida, mas também um período de muito aprendizado.

Agora preciso cuidar da minha família e, por tudo que aprendi, não posso mais insistir. De agora em diante quero e preciso seguir profissionalmente de um jeito diferente, de outra forma, seguir outro caminho, pois a vida é breve e precisa de valor, sentido e significado.

Foram quase 12 anos de muito aprendizado e quero agradecer ao Ricardo (meu sócio na Estrategia1) pela parceria e pelo que construímos juntos e, principalmente, pelo apoio nos últimos dois anos.

E, sem dúvida, foi a decisão mais difícil da minha carreira, mas acredito que desistir, ou melhor, deixar de insistir, vai garantir a minha sanidade mental.

Não posso ter um período sabático.

Quando pessoas (pessoinhas, na realidade) dependem de você, definitivamente, um período sabático é algo que não pertence (e não vai pertencer) a você.  Agora é o momento de encontrar algo para fazer,

Agora é o momento de me encontrar, encontrando algo para fazer, mas que faça sentido para mim, para outros e para todos. Vou retomar projetos que estavam parados, avaliar novas oportunidades de negócios que tinha deixado estacionado, penso em voltar a estudar, me atualizar (sempre) e vou focar em falar e estar ao lado de pessoas do bem.

Não vou deixar de fazer o que faço muito bem: ajudar empresas a resolver problemas e desenvolver soluções que envolvam tecnologia, criatividade e melhoria da vida para as pessoas. Mas quero fazer mais, e não me limitar a ser o “o cara da tecnologia”. Hoje o mundo pede pessoas multidisciplinares e já posso botar no currículo, a habilidade – Jr. ainda – de fazer maquiagem e coque na Maria Clara. Isso é só o começo, e sabe-se lá o que ainda vou fazer. E seja essa nova atividade qual for, quero convidar você para fazer comigo. Tem um plano traçado? Me chama. Não tem ainda? Me chama. Vamos mexer esta salada caótica e ver o que tiramos daí, pois, se você achar que faz sentido trabalhar comigo, é exatamente com você que eu quero falar.

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