Não foi somente a volta às aulas. Foi o início de novo ciclo para as crianças. Mais uma primeira vez sem a Micaela, uma “nova primeira vez” para a Maria Clara e a primeira vez do Francisco. Um novo ciclo teve início, repleto de esperança e de fé num futuro feliz.

Foi a primeira decisão importante que envolvia as crianças após a partida da mãe dos meus filhos. Havia me afastado de muitas coisas por alguns dias e, quando me dei conta, precisava escolher a escola do Francisco e refazer a matrícula da Maria Clara.

Para qualquer pai, escolher um colégio deve ser difícil. Ficamos à procura da escola ideal e, se não for a melhor, estaremos falhando como pais.

O escritor Marcos Piangers disse, em um artigo, que o segredo é entender que a escola não é uma forma de terceirizar a educação do seu filho. Se você não tem tempo ou paciência para educar um filho, não será uma professora que vai educar trinta crianças.

Existem diversos aspectos que precisamos analisar ao escolher uma escola. Em primeiro lugar, para Micaela e eu, poderia haver uma preocupação com o método pedagógico. Porém, neste ponto, sempre tivemos convicção do que queríamos para as crianças e, de maneira alguma, existia preocupação com o vestibular no futuro, por exemplo.

É preciso cuidado com a escolha e entendo que a escola e a família devem incentivar as crianças a serem protagonistas da transformação de si mesmas, de sua educação e suas realidades. Ambas devem ajudar a desenvolver novas habilidades como resolução de problemas, criatividade, imaginação, interação interpessoal e pensamento crítico. Essas habilidades serão essenciais no futuro. Mas o futuro da Maria Clara e do Francisco era o agora. E o mais importante para mim, no momento, é que meus filhos fossem acolhidos.

Mas não foi uma decisão fácil. Na ânsia de buscar o melhor para as crianças, de querer que elas tivessem uma excelente educação, a preocupação de acertar e oferecer o melhor me cegou antes de perceber que o melhor seria o acolhimento deles. Eu precisei ouvir esta palavra dita por outra pessoa para que tivesse a consciência de que o acolhimento era o mais importante agora.

E foi isso que aconteceu. Desde a reserva da matrícula feita pela Renata sem eu saber, da possibilidade de colocar o Francisco na mesma sala em que a Manu já estudava para que ele reconhecesse alguém próximo, da mensagem da professora Carol para a Elisângela contando a novidade e feliz que o Francisco seria aluno dela, da recepção de toda a equipe da escola que, sabendo do nosso momento, se colocou à disposição para nos acolher.

E depois de algumas semanas, passando pela adaptação do Francisco, pela alegria da Maria Clara ao reencontrar as amigas, pelas primeiras atividades, participar do grupo de mães do whatsapp (atenção, país, isso não é fácil, mas vocês conseguem), o desfralde do Francisco, ser o representante da classe, participar da reunião de pais, eu senti que meus filhos estavam felizes.

E aí o coração se acalmou e a fé e a esperança se renovaram diante de um futuro feliz.

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