Maria, estamos em clima de Copa.
É a sua segunda Copa do Mundo e, desta vez, você também quer o álbum de figurinhas.
O tio Gustavo aparece com cinquenta pacotes de uma vez. Vocês passam horas colando. Depois, sua mãe assume a missão, uma por uma, sob o seu olhar nem sempre atento. Cada figurinha é um troféu.

Na sexta-feira, dia do brinquedo na escola, você leva o álbum.
É aí que a história acontece.

Enquanto lancha, um colega pega seu álbum escondido.
Quer a figurinha da taça — logo na primeira página.
Tenta rasgar o álbum para arrancá-la, mas não consegue.
Esconde o caderno. A sala inteira se mobiliza. A professora descobre.

Diante do erro, ela sugere que o menino entregue o álbum dele para você.
Ele se desespera, pede para não contarem aos pais.
E você, pequena, responde:

— Não tem problema, professora. Cola com fita. Eu fico com ele assim mesmo.

Em casa, eu conto pra sua mãe o que aconteceu. Digo que, se fosse meu filho, eu faria isso e aquilo.
Você me interrompe:

— Papai, não tem problema. Ele ainda está aprendendo.

Eu olho para sua mãe. Ela sorri.
E eu penso: papai também.

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