Entre as férias e o tempo em que fiquei preso na rotina do trabalho, casa e cuidados com as crianças, passaram quase dois meses.

Devido à falta de planejamento com o início do novo trabalho, Maria Clara faltou às aulas que iniciaram logo após as férias de julho.

Ainda me adaptando à nova rotina, um dia olhei o relógio, era quase 18 horas, e dei um pulo da cadeira, pois tínhamos que tomar banho, separar a roupa, localizar todas as “ferramentas” que utilizo para fazer o coque. Me esqueci do coque!

“Maria Clara, corre para o banho, hoje tem ballet”.

Enquanto a ajudava a entrar no banho tentei adivinhar onde estariam o uniforme e as ferramentas. Corri até o armário, localizei o colant, ela me chamou, saiu do banho, enxuguei-a e… Cadê as malditas “ferramentas”? Achei uma escova de cabelo, mas cadê as outras duas?

“Maria Clara, se enxuga enquanto o papai procura.”

E as sapatilhas? Finalmente acho a caixa, abro e separo tudo na ordem.

Achei melhor chamarmos o Uber pois chegaríamos em cima da hora e lá na escola não tem lugar para estacionar.

Pronto! Já se enxugou. Coloquei o collant, peguei a escova, grampos, spray, muito spray, donut, mais grampos, redinha, presilhas, está quase, mais um pouco de spray.

Perguntei para ela: “como está?” Antes da resposta verifiquei se o coque estava bem fixo.

“Papai, você bateu o recorde de tempo e ficou ótimo”

Espera, tem um fio sobrando aqui. Agora sim!

Ela colocou a blusa, saímos, ela chamou o elevador enquanto eu pedia o Uber, trânsito, chegamos, comprimentamos todos, procuramos a sala, é por aqui, achamos, a aula ainda não começou, pode entrar, ela sorri!

Respirei, fui caminhando devagar até o salão, pedi um café e um bolo de milho.

Olhei ao redor, bailarinas em um burburinho constante

Deu tempo. Que bom. Estamos de volta.

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