E se a saudade fosse bem-vinda será que entraria sem bater?

De qualquer forma eu mentira se eu dissesse que não vai doer e que logo vai passar.

É porque o tempo da dor é o passado, é a despedida sem aceno, é o telefone sem recado, é o ainda que não passa.

E ainda que não tenha mais nada encontra um espaço só para deixar aquele sorriso guardado.

Fazendo do peito um lugar pequeno deixando um coração enorme apertado.

Mas vivo e qual o motivo?

Só para a tristeza entender que já não tem onde ficar pois já me tirou o chão.

Então foi na memória que eu encontrei para morar.

Às vezes o que resta é viver de lembrança só para não morrer de saudade.

E mesmo que a vida me leve tudo pois eu levo em mim o que eu não esqueço.

Eu levo o teu sorriso guardado só para sorrir quando me lembrar de você.

E assim toda perda é um recomeço para quem não perde a esperança e mesmo que seja na lembrança encontra uma razão para viver.

Eu levo em mim o que não esqueço só para viver sem medo de te perder.

Ouça este poema na voz do poeta Allan Dias Castro:

SOBRE O AUTOR:

Allan Dias Castro é poeta e tem a escrita como base para todos os seus projetos, de letras de música a programas de tv. Formado em Comunicação Social pela ESPM-RS, cursou Escrita Criativa na Escola de Escritores de Barcelona, na Espanha.

Gaúcho radicado no Rio de Janeiro, Allan lançou seu primeiro livro, O Zé-Ninguém, em 2014. Suas letras já foram musicadas por grandes nomes, como Roberto Menescal, e ele já declamou seus poemas ao lado de artistas como Oswaldo Montenegro e Marcos Suzano.

Desde 2016, integra o Reverb Poesia (@reverbpoesia), banda que viaja por todo o Brasil apresentando sua mistura de música e poesia falada. Com o Voz ao Verbo, projeto de vídeos com poemas autorais que deram origem a este livro, busca facilitar o acesso do público à poesia.

“Poeta é quem toma liberdades com a língua e o Allan Dias Castro faz isso com maestria. Sua poesia, sua prosa poética, seus epigramas e aforismos – e suas letras de musica – são exercícios de extrema liberdade. E entre o lírico, o satírico e o bem bolado, ele nos leva junto em cada voo.” Apresentação de Luis Fernando Verissimo para “O Zé-Ninguém”, livro lançado em 2014.

Você pode ler mais e conhecer o Allan Dias Castro: allandiascastro.com.br

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