Quando a gente se perde naquela cobrança de ter que ser feliz o tempo inteiro acaba perdendo a chance de um sorriso sincero.

E até desaprende a sorrir.

Porque a felicidade é conseguir botar “eu agradeço” no lugar do “eu quero”.

E a nossa insatisfação vem de pensar que dar satisfação é mais importante do que sentir.

O sentimento verdadeiro não tem prazo de validade nem depende de alguém para validar.

É só reparar quem precisa provar que é feliz dificilmente está.

Eu tento encarar a vida como um álbum sem filtro. E completo.

Onde os erros não deixam de existir só poque eu os deleto.

Errei, aprendi, não repeti.

A gente foca na perfeição e esquece que na vida real a gente treme de medo, de raiva, de vontade de dado a volta por cima.

Mas o que mais a gente teme, na realidade é o que mais ensina.

Você consegue chorar sem se sentir culpado?

Você consegue sorrir se não tiver sendo filmado?

Nem só de stories é feita a nossa história.

Eu troco um cartão com momentos vazios por uma mente lotada de memórias.

Ninguém precisa seguir um padrão de comportamento, uma regra, um modelo.

Porque negar um sentimento não significa resolvê-lo.

Eu não deixo a tristeza entrar mas eu a percebo de portas abertas.

Não para que ela se sinta à vontade mas para que a felicidade consiga voltar.

A graça está exatamente ai em entender que não precisa ser feliz o tempo inteiro.

E quando a realidade é nosso filtro nem sempre você vai sorrir.

Mas todo sorriso vai ser verdadeiro.

 

Ouça este poema na voz do poeta Allan Dias Castro:

SOBRE O AUTOR:

Allan Dias Castro é poeta e tem a escrita como base para todos os seus projetos, de letras de música a programas de tv. Formado em Comunicação Social pela ESPM-RS, cursou Escrita Criativa na Escola de Escritores de Barcelona, na Espanha.

Gaúcho radicado no Rio de Janeiro, Allan lançou seu primeiro livro, O Zé-Ninguém, em 2014. Suas letras já foram musicadas por grandes nomes, como Roberto Menescal, e ele já declamou seus poemas ao lado de artistas como Oswaldo Montenegro e Marcos Suzano.

Desde 2016, integra o Reverb Poesia (@reverbpoesia), banda que viaja por todo o Brasil apresentando sua mistura de música e poesia falada. Com o Voz ao Verbo, projeto de vídeos com poemas autorais que deram origem a este livro, busca facilitar o acesso do público à poesia.

“Poeta é quem toma liberdades com a língua e o Allan Dias Castro faz isso com maestria. Sua poesia, sua prosa poética, seus epigramas e aforismos – e suas letras de musica – são exercícios de extrema liberdade. E entre o lírico, o satírico e o bem bolado, ele nos leva junto em cada voo.” Apresentação de Luis Fernando Verissimo para “O Zé-Ninguém”, livro lançado em 2014.

Você pode ler mais e conhecer o Allan Dias Castro: allandiascastro.com.br

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