Nunca me imaginei escrevendo. Não me recordo durante o período escolar ser incentivado de alguma maneira colocar no papel o que sinto, opiniões, críticas, desabafos ou qualquer coisa que viesse à cabeça.
Em um momento muito difícil da minha vida começo a escrever cartas, bilhetes e afins para meus filhos Maria Clara e Francisco registrando tudo para que eles leiam em algum momento no futuro.
Estava sendo eu, escrevia como me sentia, como enxergava tudo que estava vivendo. O que eu escrevia naquele momento fazia muito sentido para mim.
De verdade não há nada de extraordinário no que eu escrevo. São coisas ordinárias, simples mas eu estou ali.
A forma como eu tenho escrito me faz encarar minhas próprias dores e medos. Ao lidar com tudo que está aqui dentro do peito escrever se tornou um processo de cura para mim.
Depois de um tempo os textos encontram uma audiência, as pessoas começam a entrar em contato, agradecem, se identificam, compartilham as suas histórias, seus medos e receios e percebo o que escrevo também faz sentido para o outro.
Ao escrever me encontro com o outro criando uma relação de amor.
Ao me ver nesta relação procurei ajuda para conseguir expressar melhor através das palavras encontrando minha professora.
O que certamente ela não sabe é a importância do papel que ela exerce ao me acolher.
Já eu, continuo escrevendo e curando o que há dentro de mim.