Se for para falar de morte seja para matar a saudade de quem tá vivo.

Pensa,  por exemplo um amigo de infância ou em um colega de faculdade que ainda é muito importante ou até um familiar.

E lembra quantas vezes você inventou uma desculpa para não tá no aniversário deles?

Agora, a ironia é que quando a gente recebe uma notícia de que alguém próximo se foi.

A gente não pensa duas vezes antes de buscar sua reaproximação mesmo que isso signifique se despedir de quem já se foi.

É claro que essa dor que essa tristeza é inadiável mas por que deixar para mais tarde um desejo de felicidades?

Quando era criança, por exemplo me diziam que uma pessoa morreu ela virou uma estrela.

Eu pensava: mas o céu já tem tantas.

Para que mais uma?

E justo essa que iluminava tanto aqui embaixo com um sorriso ou com um abraço.

Com uma palavra, as vezes que a gente só dá valor quando perde.

E aí que eu me pergunto:

Será que nós vamos nos velórios para compensar os aniversários que nós faltamos?

E hoje quando eu tenho isso em mente eu quando olho para o céu eu sei que eu estou  enxergando passado porque as estrelas estão tão longe que elas estão brilhando mas a gente está enxergando um tempo depois por causa dessa distância, realmente

E por isso que é tão importante a gente não se afastar muito de quem a gente ama para a gente perceber o brilho que elas têm enquanto estão presentes

Eu sempre digo que antes falar só para dar um “oi” do que na despedida perceber que devia ter falado antes

Vamos valorizar enquanto elas estão aqui

Não deixe que sua desculpa seja maior do que a saudade que você vai sentir

Ouça este poema na voz do poeta Allan Dias Castro:

SOBRE O AUTOR:

Allan Dias Castro é poeta e tem a escrita como base para todos os seus projetos, de letras de música a programas de tv. Formado em Comunicação Social pela ESPM-RS, cursou Escrita Criativa na Escola de Escritores de Barcelona, na Espanha.

Gaúcho radicado no Rio de Janeiro, Allan lançou seu primeiro livro, O Zé-Ninguém, em 2014. Suas letras já foram musicadas por grandes nomes, como Roberto Menescal, e ele já declamou seus poemas ao lado de artistas como Oswaldo Montenegro e Marcos Suzano.

Desde 2016, integra o Reverb Poesia (@reverbpoesia), banda que viaja por todo o Brasil apresentando sua mistura de música e poesia falada. Com o Voz ao Verbo, projeto de vídeos com poemas autorais que deram origem a este livro, busca facilitar o acesso do público à poesia.

“Poeta é quem toma liberdades com a língua e o Allan Dias Castro faz isso com maestria. Sua poesia, sua prosa poética, seus epigramas e aforismos – e suas letras de musica – são exercícios de extrema liberdade. E entre o lírico, o satírico e o bem bolado, ele nos leva junto em cada voo.” Apresentação de Luis Fernando Verissimo para “O Zé-Ninguém”, livro lançado em 2014.

Você pode ler mais e conhecer o Allan Dias Castro: allandiascastro.com.br

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