Maria, Francisco,

hoje faz um mês que a mamãe virou estrelinha.
Ainda parece que ela vai aparecer a qualquer hora.
Me pego falando com ela, pedindo opinião, pedindo ajuda.
E, logo em seguida, lembro: ela não volta.
Agora é assim.
Precisamos aprender a viver com a ausência.

Vocês vão sentir falta.
Vão chorar.
E não há problema nenhum nisso.
Eu também choro — todo dia de manhã, antes de vocês acordarem, enquanto preparo o café ou deixo a água cair no banho.
É quando a realidade pesa.
É quando a falta dói mais.

Depois lembro do que temos pra fazer.
Vocês acordam, me abraçam, e percebo: não estamos sozinhos.
Cada um de nós carrega um pedaço dela.
E, juntos, vamos continuar rindo do que ela nos fazia rir.

Por que a mamãe sairia dos nossos pensamentos, se ela está apenas fora da nossa visão?

A mamãe não está longe.
Só mudou de lado no Caminho.

E nós seguimos.
A vida continua — linda como sempre foi.

Hoje faz um mês.
E ainda temos o resto da vida pela frente.