Vocês já se imaginaram em meio a uma terra totalmente devastada? Onde não sabemos para onde ir… Na verdade, não sabemos nem onde estamos? Um dia eu estive neste lugar

Faz um ano que minha esposa, jovem de 38 anos, faleceu de câncer e eu me vi sozinho com meus dois filhos.

Foi assustador chegar em casa após o velório, deitar com eles e, ao pensar no dia seguinte, não ter a menor noção do que iria fazer. Eu me senti muito sozinho.

Ao vivenciar o luto com meus filhos, fui me redescobrindo como pai.

E, ao me redescobrir como pai, vi que precisava me redescobrir, também, como homem. Por isso fui procurar ajuda. Tive de superar minha vergonha e meus medos de exposição.

E o que eu encontrei? Silêncio! Um grande silêncio.

Em minha busca, não havia grupos de apoio a homens enlutados ou de apoio a homens que são pais.

Mas, como sempre há uma luz se não desistimos, após muita pesquisa, cheguei a um grupo de homens, que não era específico sobre luto. Mas, já era alguma coisa.

É muito difícil vivenciar o processo do luto e, mais difícil ainda, é vivê-lo sem o direito de chorar e falar o quanto a gente precisa. Se falar da morte e do luto é complicado, imaginem um homem falar sobre isso. Há muito preconceito, acreditem.

Então… nesta busca, encontrei amigos que tinham o mesmo incômodo que o meu e decidimos criar um espaço onde nós homens, superando vergonha e medos, possamos falar e ouvir. Criamos um lugar para homens comuns como eu e vocês.

A morte da minha esposa me fez olhar para mim de uma maneira diferente.

Eu sei que o meu luto nunca vai passar. Por isso tenho de aprender a conviver e a me reinventar com ele.

É preciso coragem para conversar sobre esse e muitos outros assuntos relacionados a morte. Por isso convido vocês a serem corajosos.

Muito obrigado

Open Mic 2019

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