Maria, Francisco,
a ideia de escrever Cartas para Maria nasceu quando eu me preparava para o Caminho do Sol, como treino para o Caminho de Santiago.
A intenção era simples: escrever onze cartas, ao longo dos onze dias de caminhada, e entregá-las no final.
Naquele ano, eu caminharia com o tio Guilherme. Mas, por causa de uma doença, precisei adiar a partida — e também o sonho.
Depois disso, a tia Carol Silveira entrou no projeto Onze Dias. Reorganizamos tudo e adiamos por quase um ano.
Na segunda oportunidade, a mamãe já estava grávida do Francisco.
E eu acabei não escrevendo as cartas.
A ideia ficou guardada.
E, por muito tempo, me faltou coragem para começar.
Durante a fase final do tratamento da mamãe, numa conversa com a Dra. Suzana e a Adriana, surgiu o tema: talvez a Mi pudesse escrever cartas para vocês.
Não tive coragem de propor diretamente.
Mas me lembrei da ideia antiga.
E comecei a escrever.
A mamãe lia, revisava, e assim, indiretamente, também foi deixando palavras para vocês.
Ela guardou as dela num caderninho.
Um dia, no tempo certo, vocês vão receber.
Foi assim que nasceu o Cartas para Maria:
um lugar para cartas, bilhetes, lembranças — que, cedo ou tarde, chegariam até vocês.
E o Francisco?
Pensei em criar um Cartas para Francisco.
Mas logo percebi: não fazia sentido ter dois lugares.
Vocês dois cabem aqui.
E vai ser divertido escrever também para o meu melhor amigo.