durante a infância, nas férias, a gente visitava a casa da minha avó paterna.
lembro bem das vendedoras que passavam com o carrinho vendendo yakult.
a campainha tocava no meio da tarde e todos os netos já sabiam:
era dia de alegria em potinho pequeno.
no fim das férias, na hora da despedida,
ela sempre dizia que ia pegar “mais uma coisa lá dentro”.
voltava sorrindo, com um pacotinho nas mãos,
eram os yakults pra levar na viagem.
hoje, de madrugada, mexendo em umas caixas de lembrança,
encontrei uma foto dela.
vó doracy.
entre outras coisas, me veio a infância inteira de volta.
e me dei conta de uma coisa boba, ou nem tanto:
toda manhã, no café das crianças,
sirvo pra eles um yakult também.
não sei bem quando isso virou rotina.
mas ali, naquele instante, percebi:
tô entregando pra eles um pedacinho do amor dela.
mesmo sem dizer.
mesmo sem saber.
o yakult, aqui em casa,
tem gosto de vó.
tem gosto de vó Doracy.
me lembrei da infância, das férias na casa dela e de que toda manhã no café das crianças sirvo para eles um Yakult também.
dou para eles um pouquinho do amor dela e me dei conta que o Yakult tem sabor de vó Doracy.
