Sempre enfrentei dificuldades para expressar minhas emoções, como se travasse uma batalha interna entre o que aprendi sobre masculinidade e a necessidade de me conectar com o que realmente sinto. Reconheço, agora, que essa luta é minha, e a responsabilidade de mudar também é minha. À medida que mergulho nessas dificuldades, compreendo que sou um homem com todas as complexidades de uma geração que não foi ensinada a olhar para dentro.

Ao lidar com meus filhos, percebo que ensiná-los a entender suas emoções é tão vital quanto ensiná-los a escrever ou fazer contas. Nesse diálogo constante, descubro que, enquanto tento ser o guia, sou também aprendiz, permitindo-me ser vulnerável diante deles e aprendendo com a beleza do desconhecido.

Em nossa casa, estabelecemos o pacto de compartilhar nossas tristezas e saudades, criando um espaço onde a honestidade emocional é valorizada. Quando tive que contar à Maria Clara sobre a mamãe que virou estrelinha, decidimos que, a partir desse momento, cada um poderia expressar suas emoções livremente.

Choramos abraçados, e após caminhar para a sala enquanto eu estava sentado na cama, ouvi ela ter a mesma atitude com o Francisco. Agora, estamos sem filtros em nossas emoções. Digo “eu te amo” sem reservas, e lágrimas são testemunhas da profundidade desse amor. Maria Clara e Francisco se tornam mestres, consolando-me nos momentos de tristeza e celebrando comigo nas alegrias. Essa jornada de honestidade emocional é uma via de mão dupla, uma troca constante que enriquece nossas vidas.

Recentemente, ao tentar medir o tamanho do meu amor, brincamos com a metáfora da lua. “Eu te amo daqui até a lua”, eu disse, abrindo os braços. Maria respondeu, aumentando a aposta, “E eu te amo daqui até a lua, ida e volta”, e Francisco se juntou ao coro “Eu também!”. O jogo de amor parece não ter fim.

A chegada de um filho não é apenas um marco; é uma oportunidade para renascer. Aprendo com eles, desvendando camadas de mim mesmo que nunca conheci. Homem também pode chorar, amar e proclamar um amor que vai “daqui até a lua, ida e volta”.

Compartilhe