Nada me preparou para ser pai de uma menina.
Logo após o parto saio com a Maria do centro cirúrgico e vou ao encontro de todos da família que aguardavam para conhecê-la. Vejo meu pai no final do corredor, me emociono e ao caminhar me recordei do sacrifício que ele e minha mãe fizeram para criar 4 filhos homens.
Fiquei com medo, as minhas referências eram todas masculinas. Como eu conseguiria educar uma menina? Eu não estava preparado.
A paternidade para o homem demora para cair a fixa. Nós não somos preparados. Não brincamos de casinha, não brincamos de boneca.
Precisava aprender a brincar de casinha, brincar de boneca, ser mais sensível, se preocupar mais com os outros e aprender a dividir as tarefas de casa.
A Maria me obrigou a mudar, ver o mundo mais cor de rosa, enxergar mais heroínas do que heróis e querer um mundo mais justo para ela onde os direitos dela sejam assegurados, onde ela não seja assediada, onde ela ganhe o mesmo que homens e onde ela possa ser o que quiser.
Continuo com medo, as vezes um pouco mais, as vezes um pouco menos mas a disposição de mudar se renova a cada “bom dia papai” da Maria.